A ESCOLHA DE YASMEENA – JEAN SASSON
“Yasmeena segurou a cabeça com as mãos e, balançando-se com determinação, disse a si mesma que iria viver”
Ela queria viver! Ela precisava viver!”
•SINOPSE•
“A Escolha de Yasmeena” é uma história real de guerra, estupro, coragem e resistência de uma libanesa durante a invasão do Kuwait pelo Iraque.
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Em um relato emocionante, Jean Sasson compartilha com o mundo a história real de Yasmeena, uma linda e corajosa comissária de bordo libanesa.
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Quando Saddam Hussein invade o Kuwait, atrasando o voo de Yasmeena, soldados iraquianos levam-na à prisão feminina, onde suas memórias trazem à tona impiedosos ataques sexuais, incansáveis torturas e um desolador cenário sociopolítico.
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Em A escolha de Yasmeena, o leitor terá acesso à angustiante realidade de ser a favorita do Capitão da prisão e proteger sua amiga, Lana, de um brutal estuprador.
Yasmeena (nome fictício), é uma libanesa de 23 anos, inteligente e de grande beleza, e, em meio a uma cultura onde o filho homem é valorizado e a mulher não tem voz, seu pai, que a amava demais, sempre lhe incentivou a estudar, como não desejava casar cedo e ter filhos e nem queria assumir os negócios do pai, decidiu trabalhar como comissária de bordo em uma grande companhia de aviação do Oriente Médio, pois queria sair do Líbano e conhecer o mundo, contudo, e apesar de uma mente mais aberta, era virgem e conservadora, como pregava a religião mulçumana e a tradição familiar.
“- Por favor, não faça isso. Eu sou árabe. Você é árabe. Eu sou mulçumana. Você é mulçumano. Por favor, não faça isso.”
A pedido de uma amiga de trabalho, Yasmeena a substitui em um voo para a cidade do Kuwait, um voo que aconteceu na véspera da invasão das tropas iraquianas ao país, o avião que no dia posterior deveria sair do Kuwait ficou retido no aeroporto, então ela e seus colegas de companhia acabaram presos no fogo cruzado em meio à guerra.
Acolhida por uma família e depois de viver semanas com seus anfitriões, que faziam parte da resistência Kuwaitiana, Yasmeena resolve ajudá-los e acaba capturada e presa em uma prisão improvisada onde as mulheres eram espancadas e violadas diariamente mais de uma vez por dia, algumas às quais acabavam sendo executadas quando o seu violador se cansava delas.
Para se ter noção do quanto isso era comum, há uma passagem no livro em que diz que era rotina dos soldados iraquianos arrombarem as casas, amarrar os homens e se revezarem estuprando todas as mulheres entre 12 e 40 anos, ou mesmo aquelas de 50 anos, se essas tivessem uma aparência jovem… um verdadeiro horror, uma bestialidade e uma falta de humanidade incrível.
Voltando à nossa personagem, por sua grande beleza, acaba sendo escolhida pelo capitão como sua nova diversão, no livro, os soldados são conhecido apenas por suas alcunhas, como Capitão ou Lobisomem.
A nova realidade que ela é inserida é assombrosa, e em meio a tanto sofrimento, abusos e uma tentativa de autoextermínio, Yasmeena fechou-se em si própria e na sua dor… até que conheceu Lana e então ela faz uma escolha…
“- Tire tudo e me deixe ver você.Yasmeena enrijeceu. Apesar de ter 23 anos, era virgem. Jamais havia beijado um homem…”
Nenhuma história é mais triste que a de Lana – contada por Yasmeena – sobre a adolescente de rara beleza de apenas 16 anos que fiel aos costumes e ensinamentos é a que mais sofre torturas pois se tornou presa da “besta”, um soldado cruel e enorme cheio de cicatrizes, que possuía um órgão sexual enorme, essa besta ou lobisomem, como também era conhecido, abusava, humilhava, espancava, e torturava Lana 3 vezes ao dia, por horas, só porque tinha o prazer em vê-la gritar, uma vez que ela nunca era passiva e sempre lutava contra ele.
As duas Yasmeena e Lana, se tornam amigas e sua amizade é o que as mantém vivas, juntas as duas resistem, cada uma à sua maneira, dessa forma, por temer pela vida da amiga, Yasmeena decide utilizar de sua inteligência, corpo e beleza para seduzir seu estuprador a ponto de ele querer fazê-la sua segunda esposa, e assim tentar ajudar Lana.
Com o fim da guerra a escritora Jean Sasson foi ao país entrevistar os sobreviventes dos conflitos, “A escolha de Yasmeena” foi escrito muitos anos após a autora ter ido ao Kuwait e ouvido o relato da própria “Yasmeena”, quando visitou a vila dos bebês, o lugar que se tornou o lar para aquelas mulheres grávidas vítimas de estupro no Kuwait durante a guerra.
Lana não tinha ideia do que aconteceria em seguida, mas seu fôlego escapou quando o homem a jogou no chão duro. Ela gritou, lutando o quanto uma garota pequena podia lutar, mas o homem separou suas coxas e deslizou entre suas pernas. Depois de empurrar e descer sobre ela pelo que parecia ser uma eternidade, ele entrou! Um líquido espirrou do corpo de Lana, e algo lhe disse que era sangue. Ela não conseguia parar de gritar. […]. Antes de desmaiar, ouviu a voz tremendo de excitação que proclamava:
– Você é minha!
Yasmeena era uma das várias grávidas que viviam provisoriamente na vila à espera de uma reposta do governo sobre se poderiam ou não ter direito ao aborto. O estupro é algo tão delicado, principalmente no mundo árabe, uma vez que para eles, os muçulmanos, a virgindade e honra da mulher estão diretamente ligadas, e mesmo para aquelas que desejam compartilhar a sua dor existe a questão da vergonha e humilhação.
Yasmeena foi a única dessas mulheres que quis falar sobre o que aconteceu na prisão, na verdade ela estava ansiosa para que sua história fosse contada, ela queria ser o grito contra o silêncio a que estavam condenadas, por isso, o seu relato representou tantas mulheres vítimas dessa barbárie pelos soldados iraquianos.
No início de alguns capítulos e entre o texto, há trechos de reportagens falando sobre a situação do Kuwait durante a guerra, no meio do livro algumas fotos da escritora em sua visita ao Kuwait após o final da guerra, e ao final há notas da autora e vários apêndices sobre a cronologia e fatos históricos dos dois países, sobre os estupros durante a guerra, sobre suas visitas ao oriente médio…
“A Escolha de Yasmeena” é uma história verídica sobre o rapto de uma das muitas jovens mantida como escrava sexual em meio à guerra entre o Iraque e o Kuwait, é um relato chocante sobre um lado muito comum da guerra: o estupro. O estupro de mulheres em tempos de guerras está longe de ser novidade e para algumas pessoas que irão ler “A Escolha de Yasmeena”, é um daqueles livros difíceis de se ler, mas muito necessário, a leitura é inquietante e pesada e não há palavras suficientes para descrever tamanha falta de humanidade…
“… a escritora disse estar preocupada com a jovem e se perguntava quando ligaria para sua família.Pela primeira vez, Yasmeena caiu em lágrimas e respondeu:– Jamais ligarei para eles. Para eles estou morta […]. Não os mereço. Fiz algo muito desonroso ao fingir que amava meu estuprador. Minha família jamais me perdoaria.”
Livro: A Escolha de Yasmeena
Autor: Jean Sasson
Editora: Best Seller
Páginas: 256
Nota: 4/5