GAME OF THRONES – O FINAL NADA GRANDIOSO DE UMA SÉRIE GRANDIOSA

“É bom ter um fim para a jornada, mas é a jornada que importa, no fim.”

Não sei se é comum, até porque é impossível assistir todas as séries que existem, por mais famosas ou notórias ou bem recomendadas, mas sei que muitas séries grandes da tv, começam bem e depois perdem o rumo, quer por temporadas demais, temporadas de menos, ou simplesmente porque a história se perde, Game of Thrones é um desses casos, ela se perdeu em sua própria grandeza.

Acredito que construir um final coerente diante do enorme mundo de GOT não deva ser algo fácil. Sendo uma obra adaptada de vários livros, cujos quais ainda faltam dois para terminarem de ser escritos e tamanho o número de personagens, cada qual com sua complexidade, sua individualidade ou história única, o sentimento, a sensação que talvez fique, é que muito do que foi apresentado em seu final foi feito de forma corrida e até preguiçosa.

E isso é algo que incomoda demais, porque você pega tudo que foi construído durante os 7 anos anteriores que passam a não ter significado algum ou por algum motivo foi esquecido no fim do caminho. O Rei da Noite que desde o primeiro episódio é tido como o mal a ser erradicado e que no fim não foi tudo aquilo que prometeu, deu-se a impressão que era apenas algum efeito colateral da história, algo secundário, nem mesmo suas motivações, propósitos ou origens foram explicadas direito.

“Você não sabe de nada, Jon Snow”

E Jon que foi ressuscitado e descobriu-se sua origem Targaryen, para que mesmo? Pois “cagaram” tanto para isso, que acho que era melhor ter ficado pelo mundo dos mortos mesmo, pois não fez diferença alguma. E o que falar de toda a construção envolta da Mãe de Dragões, Nascida da Tormenta, a Não Queimada, a Khaleesi dos Dothraki, a Quebradora de Correntes, Daenerys Targeryen? Que quis quebrar a roda, lutando contra a tirania dos povos oprimidos, para que de uma hora para outra se tornar aquilo que ela sempre lutou para destruir? Ou Tyrion que tão inteligente ficou tão burro nessa última temporada?

De um modo geral, Convenhamos, a série teve mais acertos, que erros, e ótimos momentos, não à toa leva a fama de maior serie da tv mundial. Podemos citar por exemplo a morte de Ned Stark, o cruel Joffrey, o casamento vermelho, Khal Drogo e os guerreiros Dothrakis, a ressurreição de Jon e a descoberta de sua linhagem, os Dragões, Ramsay Bolton, a Batalha dos Bastardos (que para esse que vos escreve foi o meu momento preferido, talvez não só da 6ª temporada, mas de toda a série), e muitos outros momentos ou detalhes que não me veem à cabeça no momento.

Nos últimos 5 ou 6 anos talvez, GOT subverteu a narrativa normal ao não se prender a nenhum protagonista, às vezes parecia que não havia nenhum, tamanha reviravoltas e mortes se dó nem piedade de personagens, os quais tínhamos que aprender a não se apegar, pois não se sabia se ele continuaria vivo no episódio seguinte, e isso ao mesmo tempo que chocava, também encantava, graças ao gênio criativo de George R. R. Martin enquanto ainda ajuda nos roteiros da produção da HBO.

Logo após sua saída, porém (ele se retirou da produção para tentar terminar os livros faltantes), a serie começou a desandar e a sair dos trilhos, pois sem seu criador para coordenar as ações de sua criatura, ela se perdeu. Em seus momentos finais fizeram parecer que nada era o que realmente era para ser, e que talvez a história, a história toda, a história real deveria ser mais simples do que se poderia imaginar.

E apesar dos pesares todos, de todos os incômodos, de todas as decisões falhas, todos os furos narrativos e incoerentes que marcaram essa última temporada, sentiremos falta, sim sentiremos, quer seja para se emocionar, chorar, rir, xingar e passar raiva, sentiremos muita falta pois, um final ruim não atrapalha a beleza da jornada…

E como eu tenho ouvido muito ultimamente: “Ainda bem que sempre teremos os livros…”