FERREIRO DE BOSQUE GRANDE – J. R. R. TOLKIEN
“Leitor, apresento-lhe o Ferreiro de Bosque Grande”
•SINOPSE•
A cada vinte e quatro anos, na aldeia de Bosque Grande, comemorava-se o Banquete das Boas Crianças. Era uma ocasião muito especial, e para celebrá-la era preparado um Grande Bolo, para alimentar as vinte e quatro crianças convidadas. O bolo era bem doce e saboroso, totalmente coberto de glacê de açúcar. Mas lá dentro havia alguns ingredientes muito estranhos, e quem engolisse algum deles obteria o dom de entrar na Terra-Fada… Esta é a história fascinante de um andarilho que encontra o caminho para o perigoso reino da Terra-Fada!!!
Estão contidas em Ferreiro de Bosque Grande muitas ligações interessantes com o mundo da Terra-média e também com os demais contos de Tolkien, e nesta “edição ampliada” o leitor finalmente descobrirá a história completa por trás desta importante peça de ficção breve.
Quem me conhece sabe que sou apaixonado pela escrita de Tolkien, ler seus livros é sempre um prazer e uma surpresa, e que por incrível que pareça não começou com O Senhor dos Anéis, mas sim com O Hobbit, pra ser mais preciso, conheci o livro do Hobbit antes de conhecer O Senhor dos Anéis e desde então com o lançamento dos filmes, nunca mais parei…
Mas hoje não falarei sobre nenhum deles, hoje falarei desse primor que é Ferreiro de Bosque Grande…
Existem livros que reverberam dentro de ti e tocam sua alma, Ferreiro de Bosque Grande é esse tipo de livro, é talvez um dos meus livros preferidos, e dentre Mestre Gil de Ham (que é bem divertido e humorado), e Roverandom (que tem um humor mais sério), e fazem parte de uma coleção editorialmente chamada de “Contos do Reino Perigoso” e que já os resenhei aqui no Instagram (link1 e link 2) foi o que mais gostei ou me identifiquei, e é incrível a empatia que senti por esse livro, ou por essa história, é mágico como ela reverberou dentro de mim, não sei explicar, mas realmente me tocou… eu só tenho elogios para com ele, claro, essa é a minha forma de enxergar o livro, talvez muitos de vocês não o verão da mesma forma, mas é um livro que realmente me marcou e eu mesmo não sei explicar o porquê…
Apesar de curtinho, talvez o mais curto dentre os outros dois já mencionados, é um livro lindo e agradável, mas ao mesmo tempo triste, com um tom sombrio e reflexivo, acho que é um história de despedida, de escolhas, que em um certo momento da vida, se precisa escolher deixar certas coisas de lado por mais que doa, de tentar viver ao máximo enquanto possível, saber aproveitar as oportunidades de todas as formas enquanto ainda as tem, pois a vida é um ciclo, que se acaba para uns e começam para outros…
— Você não acha, Mestre Ferreiro, que é hora de abandonar esse objeto? — perguntou Alf.
— O que lhe importa isso, Mestre-Cuca? — respondeu. — E por que eu faria isso? Ela não é minha? Veio até mim, e não podemos guardar coisas que nos chegam assim, pelo menos como lembrança?
— Algumas coisas. As que são presentes gratuitos e dadas como lembrança. Outras, contudo, não são dadas assim. Não podem pertencer a um homem para sempre, nem ser apreciadas como herança. São emprestadas. Você não pensou, talvez, que outra pessoa possa precisar desse objeto. Mas assim é. O tempo urge.
“Ferreiro” foi o último livro escrito por Tolkien, talvez por isso haja um pouco mais de si nesse livro, não que ele soubesse que seria o último, mas de certa forma é o que penso. Ele mesmo chegou a dizer que era “o livro de um velho, já oprimido com o pressentimento da privação”. Foi também a última obra a ser publicada quando ainda era vivo.
Essa edição da WMF Martins Fontes de 2015 está bem legal, é uma edição ampliada que possui muitos extras, sendo:
- Posfácio em fac-símile mostrando uma antiga versão rascunhada da história;
- “Gênese da história” em que o próprio Tolkien explica de que forma se deu a ideia de “Ferreiro” ao tentar escrever um prefacio para o livro “Gold Key”, de G. MacDonald (uma história de fadas para crianças que ele havia elogiado no seu ensaio “Sobre contos de fadas”);
- Rascunho da apresentação de Tolkien para The Golden Key, onde diz que nunca lê o que chama de prefacio, e que ninguém deveria ler, uma vez que a intenção do autor é falar para o leitor diretamente;
- Esquema temporal e personagens de O Grande Bolo (título original e provisório de “Ferreiro”);
- Sugestões para o final da história (onde podemos ver como era o processo de criação de Tolkien ao criar suas histórias);
- Notas finais e de rodapé;
- Além claro, de ilustrações bem bonitas e originais de Pauline Baynes.
“Nunca leio o que chamam de “apresentações” de histórias […] esses longos discursos sobre o autor ou a história, e creio que ninguém deve ler. Não é justo com o autor nem com o leitor. O autor pretendia falar diretamente a seu leitor, e não queria que outra pessoa interferisse alertando-o a atentar para isto ou aquilo ou a compreender aquilo ou isto, sem a história nem ter começado. Inicialmente vocês precisam ter liberdade para notar e gostar (ou não gostar) disto e daquilo por si sós…”
“Ferreiro” pode ser classificado como um Conto de Fadas, porém para Tolkien, contos de fadas são histórias que se passam no Reino da Fadas, geralmente, com um humano se aventurando por esse mundo habitado por esses seres encantados, bons e ruins. Mas isso é assunto para outra resenha, vou ver se falo disso posteriormente, em algum outro momento.
Há!!! Se você se interessou em saber quais os livros fazem parte do “Belo Reino” ou “Contos do Reino Perigoso”, são eles:
- Mestre Gil de Ham;
- Sobre Histórias de Fadas;
- As aventuras de Tom Bombadil;
- Roverandom;
- Ferreiro de Bosque Grande.
Livro: Ferreiro de Bosque Grande
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: WMF Martins Fontes
Páginas: 178
Nota: 5/5