GAME OF THRONES: 8ª TEMPORADA, EPISÓDIO 4 – OS ÚLTIMOS STARKS

“Nós vencemos a grande guerra. Agora vamos vencer a última guerra. Em todos os Sete Reinos, todos vão viver sem medo e crueldade sob o mando de sua rainha legítima”.

Game of Thrones aproxima-se de seu final, o quarto episódio intitulado “Os últimos Starks” (The Last of the Starks), mostra que não há paz que dure muito tempo nos Sete Reinos e imediatamente se volta contra Cersei, ao jogo do poder e suas tramoias políticas moralmente duvidosas.

Após a batalha contra o Rei da Noite, caminhantes brancos e seu exército de mortos, o episódio se inicia numa espécie de cerimônia ou funeral aos mortos em batalha. Vemos Daenerys sobre o corpo de Jorah e Sansa chorando sobre o corpo de Theon. Estão reunidos os sobreviventes da batalha e Jon tomando a frente faz um discurso comovente ao dizer que é um dever de todo homem que ainda respira manter viva a memoria daqueles que morreram e serviram de escudos protegendo o reino dos homens. Então os corpos, são queimados…

“Estamos aqui para nos despedir de nossos irmãos e irmãs, nossos pais e mães, nossos amigos, nossos companheiros e companheiras que deixaram de lado suas diferenças para lutar unidos e morrer unidos para que outros pudessem viver. Todos nesse mundo têm com eles um divida que jamais poderá ser paga. É um dever e uma honra manter viva a memoria deles para aqueles que vierem depois de nos e para aqueles que vierem depois deles, enquanto algum homem continuar respirando. Eles foram o escudo que protegeram os reinos dos homens. Nunca veremos gente igual a eles”.

Logo depois acontece uma celebração à vitória no salão dos Starks, o que acaba sendo um momento de divertimento para os personagens. Gendry está saindo para procurar por Arya, quando Daenerys ao vê-lo o chama e num gesto político de poder (nem por isso um gesto bonito), o nomeia filho legitimo do já falecido Robert Baratheon o tornando Senhor de Ponta Tempestade para felicidade de Sor Davos.

“- Acho que você deveria ser lorde de ponta tempestade.

– Não posso sou bastardo.

– Não, você é lorde Gendry Baratheon de ponta tempestade, filho legitimo de Robert Baratheon, porque decidi nomeá-lo assim”.

Vemos Tyrion conversando com Sor Davos sobre Melisandre e depois com Bran. Tormund ergue um brinde para Daenerys que sorridente ergue um brinde a Arya. Jon e Daenerys se olham apaixonados e Sansa observando os dois sai de perto com uma cara não muito boa.

“- À Rainha dos Dragões!

– À Arya Stark a heroína de Winterfell!”

Em uma brincadeira entre Brienne, Jaime, Tyrion e Podrick, (a brincadeira consistia em que cada um deles deveria beber ao ouvir uma afirmação verdadeira sobre sua vida, algo parecido com o nosso conhecido jogo do “eu nunca”).

Em outro lugar da festa, Tormund fala sobre o fato de porque concordou em seguir Jon, e que apesar de pequeno, é forte, ele relembra do fato de que Jon morreu, mas continuou vivo e lutando, voou em um Dragão e continuou lutando. Quando Tormund diz que quem sobe em um dragão ou é louco ou um rei, a câmera corta para Daenerys, percebemos que ela parece se sentir isolada, pensativa, talvez a fala de Tormund, a fez ver como Jon é querido por todos, e todos aqueles que estão perto dela estão tão distantes, enquanto enxerga a si mesma como uma rejeitada.

“Ele subiu na droga de um dragão e lutou. Que tipo de gente sobe na droga de um dragão? Um louco ou um Rei”.

Daenerys então se levanta e vai embora, enquanto é observada por Varys. Voltando à brincadeira do “eu nunca”, as coisas ficam tensas quando Tyrion afirma para a cavaleira que ela é virgem. Incomodada, Brienne se levanta e vai embora, Jaime vai atrás da cavaleira, para desgosto de Tormund que chega nesse momento (e o meu também, que ainda torcia pelo ruivo), triste vai desabafar logo com Clegane, (esse ruivo é uma piada), Tormund então vai afoga suas magoas com outra mulher.

Sansa observa Clegane e se senta na mesma mesa. Ele diz que antigamente ela nem conseguia olhar em seus olhos. “Isso foi há muito tempo”, diz Sansa. “Você mudou passarinho”, rebate Clegane, e diz que nada de ruim teria acontecido com ela se tivesse fugido com ele, não haveria Mindinho ou Ramsay. A Lady de Winterfell, no entanto, diz que se não fosse todo terror que passou não seria quem é hoje, que tudo a fez ficar mais forte. (e realmente, Sansa foi uma das personagens que mais sofreu, mas também uma das que mais mudou e cresceu como pessoa).

“Sem Mindinho, Ramsay e o resto, eu teria sido um passarinho a vida toda”.

Quando Gendry encontra Arya, ele feliz informa que agora é um lorde, pois Daenerys o legitimou como Baratheon, ele a beija, diz que ela é linda, que a ama e ajoelhando a pede em casamento, “seja minha mulher. Seja Lady de Ponta Tempestade”, diz ele. Ela o beija, mas recusa a proposta e diz que ele será um lorde incrível, mas que não é uma lady.

“… Qualquer lady teria sorte de ter você, mas não sou uma lady. Nunca fui. Não sou assim”.

Jaime vai até o quarto de Brienne e depois de uma conversa meio torta, os dois finalmente dormem juntos. Mais tarde, Daenerys vai ao encontro de Jon, diz que o ama, e fala que preferia que ele não tivesse contado a verdade a ela, pois se não soubesse, estaria feliz. Ela afirma que as pessoas olham para Jon com adoração, mas Jon reafirma que não quer ser rei e que ela é e sempre será sua rainha. De todo modo Dani implorou que ele nunca contasse a ninguém, nem às irmãs, sobre sua verdadeira paternidade, resguardando assim sua legitimidade quanto ao trono de ferro, como também a relação dos dois.

“- E quando exigirem que reclame seu direito e tome o que é meu?”

– Eu me recuso. Você é minha rainha. Não sei mais o que dizer.

– Você pode ficar sem dizer nada a ninguém. Nunca. Nunca diga quem você é de verdade.”

Em outro momento, ocorre uma tensa reunião sobre quais estratégias serão adotadas para atacar Porto Real, Sansa diz que os homens estão exaustos e feridos, então defende que deveriam esperar as tropas se recuperarem antes do ataque. Daenerys não gosta nada da ideia e diz que já esperou tempo demais, Jon (como um verdadeiro pau mandado) concorda a favor de sua amada rainha, irritando Sansa e Arya. O que só faz aumentar a desconfiança das irmãs Stark, principalmente de Sansa a respeito de Dany.

“Eu vim para o Norte lutar ao seu lado. Isso custou muito para mim e para meus exércitos. Agora que chegou a hora de retribuir, você quer adiar? Quanto mais deixo os inimigos em paz, mais fortes eles ficam.”

Fica combinado então que Jon e Sor Davos vão pela estrada com as tropas do Norte, junto com os Imaculados e os Dothraki, enquanto um grupo menor iria a Porto Branco e de lá velejar até Pedra do Dragão, com Daenerys e seus dragões pelo céu. Quando todos saem, Arya diz a Jon que precisam conversar, então no Bosque Sagrado estão todos os irmãos Starks, Jon fala que jurou lealdade à Daenerys e vai honrar sua palavra, Arya diz que respeita isso, mas que ela não é um “deles”, pois são os últimos Starks. Ao ouvir isso, Jon responde que nunca foi um Stark, as irmãs achando que ele está dizendo isso por se achar um bastardo respondem que ele também é filho de Ned como eles, por isso independente de qualquer coisa são irmãos. “A escolha é sua” diz Bran, notando a hesitação de Jon, que então diz que precisa contar algo, mas pedindo que as duas jurem guardar segredo, então pede a Bran que conte a verdade.

“Somos família. Nós quatro. Os últimos Starks.

No meio da noite quando Tyrion e Jaime estão sozinhos conversando sobre Brienne, Sor Bronn “mau caráter” da Água Negra, aparece munido da besta com a qual havia sido incumbido de matar Jaime e Tyrion, a mando de Cersei. Tyrion lembrou a ele que havia prometido pagar o dobro por qualquer oferta para matá-lo, então oferece ao mercenário a posse de Jardim de Cima quando a guerra acabar. Bronn então vai embora dizendo que os encontrarão ao fim da guerra.

Ao amanhecer vemos Clegane montado em seu cavalo no meio da estrada quando vê Arya que está indo pelo mesmo caminho, ela pergunta se ele está indo para porto real. “Tenho coisas para resolver la”, responde. “Eu também”, diz Arya.

Sansa observa os dragões quando Tyrion chega, Sansa então pergunta: “Porque ela”? “Você sabe que ela ama seu irmão”, reponde o anão. “Isso não significa que ela será uma boa rainha”, indaga Sansa. Que após conversa sobre suas desconfianças sobre a amada de Jon. Percebe que Tyrion tem medo dela, ao que ele não nega. Sansa diz que não quer que Jon vão para o sul, pois os homens da sua família não se são bem por aqueles lados. O anão diz que acredita em Daenerys, que ela quer fazer do mundo um lugar melhor. “Tyrion. E se houver outra pessoa? Alguém melhor.”

Tormund se despede de Jon dizendo que vai embora com o povo livre, “nós já cansamos do Sul”. Diz o selvagem. “Aqui é o Norte, sabe? E o povo livre é bem-vindo aqui”, responde Jon. Tormund diz que não é o lar deles e que vai para Castelo Negro. Jon olha para Fantasma que após a batalha apareceu sem um pedaço da orelha e pede que Tormund o levasse embora para viver com o povo livre, e simplesmente dar as costas sem fazer um único carinho no lobo que olhava para ele com uma carinha de tristeza, como se pedisse um afago (Foi de doer o coração).

“O Sul não é lugar para um lobo. Pode levá-lo com você?”

Vemos que Tyrion revelou a verdade para lorde Varys, “Ela perderá o Norte. Perderá o Vale”, diz o anão. “Ele tem mais legitimidade para o trono”, responde Varys, que preocupado com o estado de espírito, os rompantes de ira e o comportamento implacável de Daenerys, que não gosta de ter a autoridade questionada.

“O que ele quer não tem importância. O fato é que as pessoas se sentem atraídas por ele. Selvagens, nortenhos… ele é um herói de guerra.”

Dany está sobrevoando com seus dragões sobre sua frota de navios indo para pedra de dragão, quando de repente Rhaegal é atingido por um arpão dos “escorpiões” (criados por Qyburn) no peito, na asa e no pescoço próximo à cabeça, caindo morto no mar, disparadas pela frota Greyjoy de Euron. Dany cheia de ira parte para cima da frota, mas diante dos escorpiões foge para que Drogon não seja atingindo, então, Euron se voltou contra os navios de Daenerys, destruindo todos. Tyrion, Varys e Verme Cinzento nadam até a costa de Pedra do Dragão junto com outros sobreviventes. Verme Cinzento percebe que Missandei desapareceu.

Diante da vitória temporária, Cersei, faz a população de Porto Real se refugiar dentro da Fortaleza Vermelha, acreditando que a Mae dos Dragões não teria coragem de matar pessoas inocentes. Então vemos que Missandei está presa na fortaleza vermelha.

“Mantenha os portões abertos. Se ela quiser tomar o castelo, terá que matar milhares de inocentes antes. Será o fim da “quebradora de correntes”.”

Em Pedra do Dragão, Varys diz que é um erro atacar a cidade com tantos inocentes. “Você viu meu filho cair do céu. Eles levaram Missandei”, Diz Dani. “Estas são as pessoas que você veio proteger, não destrua a cidade que você veio salvar. Não se torne naquilo que sempre lutou para derrotar”, implorou Varys. Dany diz que o destino dela é livrar o mundo de tiranos e vai conseguir isso não importa o preço. Após alguma insistência, porém, ela aceitou dialogar com Cersei para tentar negociar os termos da rendição da vilã.

“Falar com Cersei não impedira uma matança. Mas talvez seja bom que o povo veja que Daenerys “Filha da Tormenta” fez de tudo para evitar mortes, e Cersei Lannister recusou. Precisam saber quem culpar quando o céu cair sobre eles.”

Sozinho com Tyrion, Varys diz que já serviu a tiranos quase sua vida toda e assim como a “Mãe dos Dragões” todos eles falaram sobre destino. Então diz que talvez Jon seja mesmo a melhor solução para governar os Sete Reinos, pois segundo ele o protetor do Norte seria um rei mais justo e melhor. “Estamos falando de traição” Tyrion diz espantado. “Não finja que não pensou nisso”, rebate Varys. “É claro que pensei! Pensar não é traição”, indagou. Então Varys lista as qualidades de Jon, Tyrion então fala sobre casá-los para que possam governar juntos. “Ela é muito forte para ele, ela o faria se curvar a ela, como já faz, aliás”, afirma Varys.

“- Você conhece os dois, então me diga, quem governaria melhor?

– Ele não quer o trono, foi por isso que dobrou o joelho

– Já pensou que o melhor governante, pode ser alguém que não quer governar?”

Brienne conta a Jaime sobre a emboscada de Euron e todo o resto, ele então decidiu deixar Brienne e partir para Porto Real na calada da noite, Brienne acorda e vendo que iria partir, implora que fique dizendo que ele não é igual à irmã, então Jaime diz as várias atrocidades que já fez por Cersei, e parti, deixando a cavaleira aos prantos (diga-se de passagem, uma cena lamentável para com sua personagem…).

“Fique aqui. Fique comigo, por favor. Fique”

O encontro, nas muralhas de Porto Real, é tenso e trágico. Missandei, Cersei, Montanha e vários soldados estão nas muralhas, junto a vários escorpiões se estendendo por todo o muro, enquanto Daenerys, Tyrion, Varys, verme cinzento e um pequeno contingente de seu exército então do lado de fora das muralhas, com Drogon no chão bem atrás de todos eles. Tyrion vai ao encontro de Qyburn para tentar negociar, a rendição de Cersei e a liberdade de Missandei. Qyburn diz que Cersei exige a rendição de Daenerys, e que se não aceitar, Missandei será executada agora, na frente de todos. Vendo que a conversa não levaria a lugar nenhum, resolveu fazer um apelo direto à irmã, pedindo que ela se rendesse para salvar o filho que esperava. Cersei então aproximando-se de Missandei diz que esta é hora de dizer suas últimas palavras. “Dracarys” gritou Missandei olhando para seu amado e sua rainha, antes de ser decapitada por Montanha, sob os olhares atônitos e de ódio de Daenerys e Verme Cinzento.

“Eu imploro. Senão por você, então pelo seu filho. Seu reinado acabou, mas não significa que sua vida precisa acabar”.

Ao longo dos anos, GOT arrebatou um público muito fiel, quer por inovar ao matar personagens ditos principais sem pudor algum, quer por se tratar de uma série densa, cruel e complexa, assim como também são seus personagens. Mas o que vemos de certa forma em sua temporada final é aquilo que já disse no post anterior, os produtores não conseguiram e não conseguem manter o mesmo ritmo depois que Martin se afastou dos roteiros para tentar terminar os outros livros de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, da qual GOT é baseada, claro, GOT é GOT e sempre vai ser, apesar dos pesares todos…

Bom, depois desse rápido desabafo e voltando ao episódio, podemos perceber que Daenerys começa a sentir a pressão de saber que há um herdeiro mais legitimo que ela e que além disso ele é querido por muitos, ela começa a perceber que tudo que passou e lutou pode ser perdido assim de uma hora para outra e isso começa a mexer com sua cabeça, tanto pelo fato de ainda se sentir uma estrangeira, tanto pelo fato de as pessoas ainda desconfiarem dela. Sua luta pelo trono se torna tão obsessiva que ela condiciona a felicidade ao lado de Jon, ao fato de ele esconder a verdade sobre seu passado apenas para favorecê-la.

E essa obsessão ou loucura fica mais clara ao perder todos aqueles a quem amava, tão rapida e repentinamente: Jorah, dois dos seus três “filhos”, sua dama e amiga Missandei, e até parte de seus exércitos. Ainda tem a questão de acreditar sobretudo de que sempre se enxergou destinada ao trono, que essa é sua herança e algo inato para si. Essa sempre foi sua maior motivação, ou melhor dizendo, sua única obsessão. Ainda assim, não acredito que a loucura dela seja de família, pois quando se perde tanto quanto ela, é quase impossível não se quebrar no processo…