AS AVENTURAS DE TOM BOMBADIL – J. R. R. TOLKIEN

“Bom Tom Bombadil era alegre, já se nota; 

azul-claro é o paletó, amarela é a bota,

verde é o cinto e de couro a calça;

no alto chapéu pena de cisne se alça.”

– As Aventuras de Tom Bombadil –


•SINOPSE•

Um dos personagens mais intrigantes de “O Senhor dos Anéis”, o divertido e enigmático Tom Bombadil, também aparece em versos que, segundo dizem, foram escritos por hobbits e preservados no “Livro Vermelho”, que conta a história de Bilbo e Frodo Bolseiro e companhia. As aventuras de Tom Bombadil reúne esses e outros poemas, que tratam principalmente de lendas e gracejos do Condado no fim da Terceira Era.

Esta edição especial inclui, pela primeira vez, as versões mais antigas de alguns dos poemas de Tolkien, o fragmento de conto protagonizado por Tom Bombadil e comentários abrangentes dos aclamados estudiosos tolkienianos Christina Scull e Wayne G. Hammond.


Um dos motivos que tornam a obra Tolkieniana tão completa e atraente é o cuidado com que ele trata cada um de seus personagens dentro ou fora do Legendarium, com suas histórias próprias e completas. Outro motivo, acredito eu, são as canções e poemas que aparecem muitas vezes no decorrer de seus livros, e a forma intrigante como cada um deles se encaixam perfeitamente em suas páginas.

“As Aventuras de Tom Bombadil” é um livro de poesias que reúne 16 poemas, e embora o título faça alusão a Tom Bombadil (personagem intrigante e misterioso este, que surge em “O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel”, e que ajuda os Hobbits quando estes são atacados pelo Velho Salgueiro-homem), somente os dois primeiros são dedicados a Bombadil, os demais poemas estendem-se a outros seres ou personagens da Terra-média, sejam eles protagonistas ou coadjuvantes, como Fruta d’Ouro, o Velho Salgueiro ou o Homem da Lua de “Roverandom”.

“O Homem da Lua tinha a barba sua de prata, e sapato de argento;

Coroado de opalas, com pérolas ralas o cinto enfeitou a contento,

De cinzento manto caminhou um tanto no cão luzidio qual cetim, 

Tirou o trinco em cristal em segredo total, e uma porta abriu de marfim.

– O Homem da Lua desceu cedo demais –

“As Aventuras de Tom Bombadil” teve sua primeira publicação em 1962 e acredito, não seja um livro muito conhecido no Brasil. Segundo Tolkien, estes poemas foram compostos por Bilbo e Sam, alguns seriam tradicionais do Condado, outros vindos ou com influência de Earendil, como também de Gondor e fariam parte do Livro Vermelho do Marco Ocidental. Cada poema é uma história totalmente isolada da outra, alguns desses poemas aparecem nas páginas de “O Senhor dos Anéis”.

Esta edição de capa dura e por sinal muito linda da Martins Fontes, contém as belas ilustrações de Pauline Baynes, uma apresentação da tradução de Ronald Kyrmse, uma introdução, um prefácio e notas comentadas de todos os poemas, além de um apêndice sobre a obra.

“A poesia é aquilo que se perde na tradução”

Destaco aqui a “Apresentação da tradução” de Kyrmse logo no início do livro onde ele nos diz sobre a missão difícil que se é traduzir poesias, e que segundo ele, a poesia nem sempre está nos versos, pois todo poema tem um significado e por mais literal que seja, a tradução de um texto para outra língua faz com que elementos importantes se percam durante o processo. Pressupõe-se também que o tradutor conheça a fundo a obra que se traduzirá, no caso de Tolkien, um autor consagrado pelo uso extraordinário de sua escrita e criação de uma língua própria, torna a tradução algo muito mais complicada, quer seja pelos diversos esquemas rítmicos de seus versos octossilábicos, ou sua métrica variável e jocosa.

Kyrmse termina sua conclusão com a seguinte questão: Com todas essas restrições, o que se perde do texto original? Até que ponto podemos ler a tradução, como se tivesse sido composto no nosso próprio idioma? O que restou nestas “Aventuras” do espírito de Tolkien? Sem saber como responder a própria questão, ele espera proporcionar ao leitor a possibilidade de captar e apreciar algo daquilo que o autor nos quis transmitir.

É um livro interessante e muito gostoso de ser lido, mas não sei se agradaria aos não fãs de Tolkien que não tenham um mínimo de entendimento do universo da Terra-Média. Para mim é difícil escolher uma poesia preferida, mas além das duas poesias sobre Bombadil e as duas sobre o Homem da Lua, destaco também as três últimas do livro: ” O Tesouro”, “O Sino marinho” e “O Último navio”.

“Um velho dragão sob pedra cinzenta

piscando os olhos vermelhos se assenta.

Está muito velho, alegria não tem,

nodoso, enrugado, encurvado também,

atado ao ouro por anos em vão;

o fogo está morto em seu coração”.

– O Tesouro –


Livro: As Aventuras de Tom Bombadil

Autor: J. R. R. Tolkien

Editora: Martins Fontes

Páginas: 320 páginas

Nota: 4/5