NOITES TROPICAIS – NELSON MOTTA
“Todo mundo gostava de Tom Jobim, de seu piano e de seu violão, de seus acordes, da sofisticada leveza de suas melodias. Mas Tom não fazia parte da `turma da bossa nova`. Ele era a bossa nova. Ele e João”
•SINOPSE•
Gênios e pilantras. Roqueiros e sambistas. Pirados, freaks e doidões. Um elenco de estrelas numa trama de sucessos e fracassos, de lágrimas e gargalhadas, entre sexo, drogas e MPB. Um relato sem censura dos últimos 30 anos da nossa música – umas das maiores contribuições brasileiras à beleza e alegria do mundo.
Compositor, produtor e diretor artístico, crítico musical e revelador de talentos, Nelson Motta acompanhou e viveu intensamente cada momento da música brasileira de 1958 a 1992, a bossa nova, a jovem guarda, os festivais, o tropicalismo, a MPB, a discoteca e o rock. Em “Noites Tropicais” estão reunidas suas memórias musicais recheada de episódios apaixonantes.
São 464 páginas onde Nelsinho faz do leitor um entusiasmado participante deste arrebatador enredo em que somos convidados a conhecer o espetáculo pelo ângulo dos bastidores.
“Noites Tropicais” é um livro de história: história de parte de uma época de ouro da MPB; mas é também um livro de memórias: memórias de alguém quase onipresente em praticamente cada momento importante da música no Brasil. Nelson Motta (não sei se com essas palavras), chega a dizer em alguma parte do livro que ele sempre estava no lugar certo, na hora certa, aliás, ele é o autor e protagonista, então o livro também é uma biografia: biografia de uma parte da vida de “Nelsinho”, na época um burguês carioca de 13 anos de idade e que não gostava justamente de… música!!!
“A Jovem guarda estava pegando fogo. ´É uma brasa, mora!´era o bordão de Roberto que se tornou, a mais popular gíria nacional ´Quero que vá tudo pro inferno´ se transformou no grande hit, o maior de todos, no sucesso incandescente que levou Roberto ao primeiro lugar absoluto nas paradas”
O que posso dizer de “Noites tropicais”, é que ele é um livro divertidíssimo, muito gostoso de se ler, Nelson Motta tem um jeito muito próprio de contar a sua estória e um jeito elegante de escrever, mas também, o que se esperar de alguém que conviveu com os nomes mais importantes da música e da poesia no Brasil? A “turma” de Nelsinho, chamarei assim, era gente do calibre de Chico Buarque, Dorival Caymmi, João Gilberto, Nara leão, Vinícius de Moraes, Tim Maia e por aí vai…
Aliás, as histórias sobre Tim são engraçadíssimas, e Deus, como Tim era um cara louco… além de muito espirituoso. Os relacionamentos amorosos de Nelson Motta também são um capítulo à parte, seu romance extraconjugal com Elis Regina, o casamento com Marília Pera e sua paixonite por uma jovem cantora de 19 anos chamada Marisa Monte, que ele havia conhecido em Roma.
“Hoje música não é mais só música, é cada vez menos”
Nelson Motta também fala sobre uma parte triste da história do: a ditadura, de como a música era censurada pelos militares e até mesmo de cantores que deixaram o país; fala sobre os festivais, Raul seixas e Paulo Coelho, a jovem guarda, Roberto e Erasmo e termina citando o sertanejo, que começava a ganhar força na época!!!
Ah, os festivais, como as pessoas eram apaixonadas e defendiam as músicas ou os cantores como se eles fossem uma parte de si mesmo, o clima de guerra que se instaurava, a loucura, as vaias, os aplausos… e da forma que é contada no livro, dá vontade de voltar no tempo para poder ver ao vivo…
“Na tela da televisão em preto e branco, onde a vi pela primeira vez, Elis Regina parecia baixinha. Os cabelos eram pretos e fartos, as sobrancelhas grossas e a maquiagem carregada lhe dava um ar adulto e vulgar. Ela ria muito e mostrava mais a gengiva do que os dentes pequenos. Mas aquela garota de 18 anos cantava uma barbaridade”
Enfim, é muita estória, muito papo bom, e como já disse, “Noites Tropicais” é um relato de uma época dourada da MPB, um livro fascinante, divertidíssimo, imperdível e obrigatório!!!
Livro: Noites Tropicais
Autor: Nelson Motta
Editora: Objetiva
Páginas: 464
Nota: 4/5