O ÚLTIMO TREM DE HIROSHIMA (Triste, forte, necessário)

“Olhando para baixo a milhares de pés sobre Hiroshima, tudo o que eu podia pensar era: “Meu Deus, o que fizemos?”


SINOPSE

Baseado em depoimentos de sobreviventes das bombas atômicas! Charles Pellegrino não poupa detalhes para descrever as consequências de uma arma capaz de produzir uma temperatura mais alta que a do núcleo solar. Entre a desintegração imediata e a sobrevivência precária, carregada de sequelas de envenenamento, o autor dá voz aos habitantes que viveram o maior ataque com vítimas civis até aquele momento. Não há como determinar um número preciso, mas há consenso que cerca de cem mil pessoas morreram devido às explosões – que até então só haviam sido testadas em locais desabitados. Os acontecimentos de agosto de 1945, quando as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram atingidas por bombas atômicas, em ofensiva ordenada pelos Estados Unidos, são minuciosamente revisitados. As histórias são, como não poderia deixar de ser, comoventes. Entre elas está a do grupo de 30 pessoas que tentou escapar de Hiroshima e chegou à Nagasaki de trem a tempo de presenciar a segunda explosão. Neste grupo esteve Tsutomu Yamaguchi (que morreu em janeiro de 2010, aos 93 anos) tido como a única pessoa que sobreviveu a duas bombas atômicas.


O último trem de Hiroshima, narra a história dos sobreviventes das bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki, especialmente de Hiroshima, e porque não dizer, narra a história dos que também foram vitimados por elas, é um livro que choca e mostra a crueldade do que foi a bomba atômica, é tão triste, tão sem sentido que, em muitos momentos você se pergunta porquê… Mas eu não consigo achar nada que responda a esses porquês…

O livro é de uma sinceridade e de uma sensibilidade fantástica, os capítulos iniciais onde descreve detalhadamente cada fase da bomba desde seu lançamento até o pika-don (raio-trovão), como cada milésimo de segundo levou para algo acontecer, é simplesmente de tirar o folego, e prende de uma maneira que mesmo que alguns termos sejam técnicos, você de alguma forma compreende a força de cada palavra descrita ali, e por muitos momentos eu me arrepiei.

Os depoimentos e a ótica dos sobreviventes e o que eles viram é, ao mesmo tempo comovente e assustador, e torna o livro extremamente humano, e de uma forma dolorosa somos envolvidos pelos sentimentos, pela culpa, pela força e pela dor, daqueles que morreram e dos que sobreviveram para contar como num dia claro de sol, seu mundo de repente se transformou no inferno na terra.

É de se admirar alguém sobreviver a uma explosão nuclear, e mais surpreendente ainda que existissem duplos sobreviventes e que como poucas pessoas não afetadas pela bomba pudessem viver até mais do que pessoas normais, mesmo lutando contra o câncer durante tantos anos, e o quanto isso as vezes era doloroso, em uma passagem do livro numa conversa entre o Dr. Nagai e o Dr. Akizuki, o Dr. Nagai pergunta por qual razão ele achava que haviam sobrevivido, ao que o Dr. Akizuki respondeu que talvez por sorte ou azar, o Dr. Nagai respondeu que foi por azar, pois os que foram mortos instantaneamente ou logo nos primeiros dias eram os verdadeiros sortudos, pois eles não tiveram que viver o luto e carregar a cruz de ser um sobrevivente.

Bom, para terminar, A bomba atômica não destruiu somente as cidades de Hiroshima e Nagasaki , não quebrou apenas concreto e aço, não apenas destruiu vidas humana mas rompeu suas almas com igual facilidade e indiferença. Como disse O Dr. Nagai: “As fissuras que se formaram no hipocentro ainda ficaram presentes muitos anos depois. Mas eu não estou falando sobre rachaduras no chão, {…} Eu me refiro às rachaduras invisíveis nas relações pessoais dos sobreviventes daquela desolada terra atômica. Estas fendas nos laços de amizade e amor não fecharam com o tempo; ao contrário, parecem se tornar cada vez maiores e mais profundas. De todo o dano que a bomba atômica causou, esse é de longe o mais cruel”…

 

“Se as bombas atômicas deveriam ou não ter sido detonadas sobre Hiroshima e Nagasaki é um assunto para outra época e para outras pessoas debaterem. Esta é simplesmente a história do que aconteceu às pessoas e objetos que estavam sob as bombas e é dedicada à tênue esperança de que ninguém mais morra dessa maneira”.


Livro: O Último Trem de Hiroshima

Autor: Charles Pellegrino

Editora: Leya

Páginas: 432

Nota: 5/5